Dói falar de amor se amar tem me arrancado assim tanto a respiração do corpo; vejo aqui o meu desalento dobrando em notas de vontades desesperadas, pensamentos perdidos e desencontrados, um espiral de angústia e anseio que ondula o vento em um caminho próprio, necessário. Queima tanto a minha alma a ponto de desandar toda a vida como os versos de um oceano em descompasso, o universo inteiro a um passo de um colapso profundo.De um jeito que não há mais para onde ir, fugir, evitar ou conter. Meu amor acelera a vida adiante a noventa e outras batidas rápidas e desritimadas por segundo, noites longas e atravessadas, paisagens e caminhos errantes congelados nos olhos que caminham pelos percalços do passado, pelos beijos e lábios de agora, pelas chances e promessas que dançam arrastadas no futuro. Que primavera estranha que iluminou o meu andar.Arrisco minhas fugas no vento e me entrego para ver até onde o tempo irá me arrastar. Como um poeta perdido das palavras, o marinheiro que se perdeu navegando, confio a vida ao brilho das estrelas e cometas que riscam noites quentes e solitárias. Encaro sóbrio a desventura que é entender as escolhas do destino, o mais sórdido desatino do universo em desencanto. Aceito ir, seguir, aportar. Mesmo que todos os caminhos do vento, levem a um só lugar. A mar.
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